Sandro Macedo

Formado em jornalismo, começou a escrever na Folha em 2001. Passou por diversas editorias no jornal e atualmente assina o blog Copo Cheio, sobre o cenário cervejeiro, e uma coluna em Esporte

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Sandro Macedo
Descrição de chapéu Olimpíadas 2024

Na TV francesa, o drama pela prata de Rebeca é maior

Ulalá, deu para vibrar com a performance da brasileira e contemplar Biles, uma força da natureza

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Nem todo dia é de croissant ou de pain au chocolat, como o querido leitor e a querida leitora poderiam imaginar a respeito dos colunistas que chegam a Paris para acompanhar os Jogos Olímpicos. Alguns dias são apenas de baguete, sem manteiga.

Este escriba, em momento não humilde, investiu em alguns ingressos para a família em jogos de futebol (futebol é mais barato) e rúgbi sete. E chegou a abandonar a mesma família, em atitude egoísta —e sem remorso—, para passar solo uma tarde em Roland Garros. Um sonho tornado realidade.

Porém, alguns dias são como esta quinta (1º), em casa, com baguete e a programação da televisão francesa. Não deu nem para chegar ao telão de uma fan zone, onde provavelmente a temperatura seria de 30 e inferno graus centígrados.

Rebeca Andrade comemora a prata no individual geral
Rebeca Andrade comemora a prata no individual geral - Mathilde Missioneiro/Folhapress

A TV aberta disponibiliza dois canais para os Jogos Olímpicos, com programação constante. Mas temos um problema, ou "nous avons un problème": como era de se esperar, a TV francesa nas Olimpíadas de Paris busca destacar sempre… isso mesmo, um atleta francês.

Esgrima, por exemplo, tem todo dia. Acho que vão acabar as Olimpíadas e a esgrima continuará por mais umas duas semanas. Judocas franceses costumam avançar para as finais ou repescagem, o que também ocupa um canal.

Sendo assim, acompanhar a final individual geral da ginástica artística feminina poderia ser um drama. E foi. Afinal, não tínhamos nem uma francesinha na decisão.

Mas tinha Simone Biles, provavelmente o maior nome individual que chegou a Paris —ao lado de Rafael Nadal, por motivos diferentes. Não seria possível que eles iriam ignorar Biles.

Comecei a ver a final pela TV do computador, com desesperadores solavancos na imagem —meu notebook já tem algumas Olimpíadas. Mas em algum momento o canal francês deixou de lado o ruivinho de óculos do tênis de mesa e começou a transmissão (atrasada) da ginástica.

Desde o início, este escriba torcia por um pódio para Rebeca Andrade, mas sabendo que bater Simone Biles pelo ouro no individual geral seria missão complicada.

Quando o canal francês entrou na ginástica, rapidamente deu para perceber o delay a meu favor. Uma raridade. Normalmente sou o cara que escuta o gol primeiro no bar da esquina, depois em casa. Porém, fiquei uns 20 segundos na frente do meu computador, algo como duas provas completas de Usain Bolt com comemoração.

Sendo assim, ouvia a narração francesa, da qual entendia duas palavras (uma delas era "oui", falam muitos "oui" nas transmissões esportivas), e depois pegava Luiz Carlos Júnior, no SporTV, com "emoção até o fim".

A tensão cresceu com as notas do terceiro aparelho da rotação, a trave, cujos resultados demoravam um pouco para sair. E, em uma dessas demora, eis que a televisão corta para uma corrida de BMX, que tinha um francês na disputa.

Minha mulher tentava me acalmar com o delay do notebook. Por sorte, corridas de BMX são curtas, o francês foi bem, o público gritou "allez, les bleus" e a transmissão voltou para a ginástica antes da apresentação no solo.

Ulalá, deu para vibrar com a performance de Rebeca e apenas contemplar a força da natureza que é Simone Biles. E 20 segundos antes de Luiz Carlos Júnior. Emoção quase até o fim.

E enquanto termino essas poucas linhas com vontade de ver o surfe feminino cheio de brasileiras no Taiti, me deparo com a TV exibindo uma excitante disputa de basquete 3x3 entre França e Sérvia. Cansei, vou torcer pela Sérvia.

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